Sábado, 13.03.10

Filhe da terra do pêxe assade

Ora aqui fica uma sugestão de um daqueles blogs regionais que, só os "filhos da terra" compreenderão a verdadeira dimensão épica da coisa: O Charrôque da Prrofundurra.

Charrôque é o nome que damos a um peixe (uma espécie de tamboril pequeno) que depois de ser pescado ronca produzindo um som semelhante ao dos porcos mas, charrôques são também os nativos de Setúbal, que usam uma pronúncia acentuada no R, normalmente cuja actividade é ligada ao mar. Hoje em dia a maioria dos setubalenses não têm esta forma de falar, e as actividades profissionais deixaram de ser na sua exclusividade relacionadas com o mar, até porque Setúbal, teve até ao início da década de 90 um crescimento notório devido às migrações maioritariamente provenientes do Alentejo. Inclusive a gastronomia sofreu alterações e hoje é bastante comum servirem-se migas com peixe assado, açordas com vários tipos de mariscos, etc...

A minha família é um exemplo de como hoje as populações estão "miscigenadas" pois, do meu lado materno, é tudo alentejano e do lado paterno, são todos charrôques. Eu sou um produto desta nova realidade em Setúbal, assim como a maior parte da minha geração e por isso, é uma pena o nosso tão peculiar sotaque estar apenas reservado aos bairros piscatórios. A origem deste dialecto remonta ao século XIX, aquando das invasões napoleónicas. Muitos franceses instalaram-se na cidade e mais tarde foram eles os gestores das indústrias conserveiras de peixe durante a revolução industrial (tal como os ingleses exploraram vinho, no Douro). Depois existem certos sons anasalados - como em: pirum (perú), geinte (gente) ou menza (mesa) - que provém directamente das gentes vindas da região da Ria de Aveiro, pescadores com embarcações próprias que ocuparam o bairro das Fontaínhas. Por fim, as terminações com E em vez de O, são sobretudo herança da migração algarvia que ocupou o lado oposto da cidade (Troino, Viso, Fonte Nova, Palhavã). Portanto ainda hoje é possível notar algumas diferenças entre os dialectos de bairro para bairro mas, com o passar dos anos têm vindo a tornar-se diferenças cada vez mais subtis.

O Charrôque da Prrofundurra é o lar de todas estas misturas, e onde podemos ler, tal como os setubalenses de gema falam. É essencialmente um blog humorístico, mas também uma crítica implícita e descrição do sadino de outros tempos (que ainda povoa aquela área), e sobretudo, um património popular que tem a vantagem de estar registado na Web.

Apá sóce, vesita lá o blog do mane qué pescadorr, e aprrovêta pa comprrarr umas tcherrtes.
publicado por Mário às 17:54 | link | comentar | partilhar
Sexta-feira, 05.03.10

Vídeo Caseiro

Quando comecei a viver sozinho ainda em Setúbal, entre casa e trabalho, por vezes tinha tempo de sobra para fazer umas palermices. Este vídeo é resultado disso. Na verdade eram 3 filmes diferentes que agora reeditei pois as suas durações não justificavam a singularidade. Ao longo do vídeo pode-se reparar numa evolução do método utilizado (stopmotion).



E sim, parecia Cristo.
publicado por Mário às 13:20 | link | comentar | ver comentários (9) | partilhar
Segunda-feira, 01.03.10

Curiosidades

Há um homem que liga Mechelen (cidade belga onde vivo) a Setúbal (onde nasci). O seu nome é Fernando Álvarez de Toledo, mais conhecido como o 6º Duque de Alba.

- Na década de 1560, Mechelen sobreviveu a um saque durante as guerras religiosas, protagonizado pelo tal Duque.

- No dia 16 de 1580, Setúbal é tomada pelo exército do mesmo Duque. Facto que antecedeu o cerco de Lisboa e que viria a dar origem ao reinado da Dinastia Filipina.

Portanto, acho que vou fazer uma t-shirt com a frase "Também fui fodido pelo Duque espanhol", e assim demonstro solidariedade.
publicado por Mário às 12:35 | link | comentar | ver comentários (2) | partilhar
Quinta-feira, 23.04.09

Conversas no Messenger #1

Luís: Tenho que comprar o bilhete e ir para aí.

Mário: Vem... Agora já tenho casa para puderes pernoitar mas, ao fim da 2ª noite se não tiveres arranjado trabalho meto-te numa montra a vender o cú.
Luís: Ai que porca.
publicado por Mário às 20:49 | link | comentar | partilhar
Sexta-feira, 27.03.09

...

Era madrugada, fria, escura. Ele, amante da noite, alimentava-se da maresia. Assim que escurecia, corria para a praia e lá vivia, lá pensava, lá madrugava, na madrugada, banhada por uma ondulação fria, som de água na areia, escuridão, luar, estrelas que se atropelam por um lugar no céu. Oh madrugada fria e escura que o fazes suspirar agora que vive de dia. Não troca um raiar de sol ao meio-dia nem o chilrear dum melro pelo tal espectro de sombra, vida na penumbra, fria e escura mas com cheiro e sabor a mar...

publicado por Mário às 19:04 | link | comentar | ver comentários (2) | partilhar
Terça-feira, 27.01.09

Hoje, vi-os na Webcam

 

Mano, avó e mãe. Ou Mãe, avó e mano... Como preferirem.

publicado por Mário às 21:50 | link | comentar | ver comentários (3) | partilhar
Sexta-feira, 16.01.09

A melhor cidade do mundo...

Receberá o meu primo amanhã.

 

 

 

 

Fotografias de João Palmela.

 

E é a melhor cidade do mundo porquê? Perguntam vocês...

Porque é banhada por um rio especial, o único em Portugal que se direcciona de sul para norte, habitat de duas famílias de golfinhos que nos acompanham enquanto passeamos de barco. Porque temos um parque natural como o da Arrábida, onde podemos encontrar o gato-bravo, a raposa, o morcego e a águia de bonelli (e até há bem poucos anos: lobos, javalis e veados) assim como uma flora única devido ao seu microclima fora do vulgar. Porque fomos abaixo durante o terramoto de 1755 e ao contrário de Lisboa, as ruas renasceram desorganizadas e pitorescas como anteriormente. Porque a nossa pronúncia é uma coisa assim, sei lá, muito estranha, uma mistura de algarvio com francês que no fim não se percebe. Porque lá foi onde nasci, cresci, vivi e sobrevivi. Porque lá é onde vivem todos (agora que aqui estou, quase todos) os meus amigos, a minha mãe, irmão e avós. Porque é a minha cidade e tenho muito orgulho em ser sadino (em setubalense: "sádine")...

 

Seria tudo perfeito se não fosse o distrito com maiores taxas de desemprego, criminalidade e vida precária. Se não tivesse havido corrupção autárquica durante mais de duas décadas e se a mentalidade dos seus habitantes não fosse tão tacanha.

 

E neste post tonycarreira-patriótico só falta um poema. Este que funciona como hino, conhecido por todos os filhos da terra, celebrizado pelo Conjunto do Chico da Cana (sendo que o tal Chico era irmão de um tio meu, ambos já falecidos):

 

Rio Azul

 

Setúbal, eu tenho pena
de não te poder cantar.
Tu és mote de um poema
que ninguém pode ensinar

Se há beleza em qualquer lado
se valesse algum dinheiro
com a princesa do Sado
comprava-se o mundo inteiro

Onde é que existe um rio azul igual ao meu
que em certos dias tem mesmo a cor do céu,
minha cidade é um presépio é um jardim
queria guardá-la inteirinha só para mim.

Setúbal terra morena
onde tudo fica bem,
tens a beleza serena
no rosto de minha mãe.

Ó rio Sado de águas mansas
que pró mar vais a correr,
não leves minhas esperanças
sem esperanças não sei viver.


Nota: Agora Dona Maria das Dores, da próxima vez que aí for, pode dar-me a chave da cidade na varanda do edifício do município?

publicado por Mário às 00:18 | link | comentar | ver comentários (5) | partilhar
Segunda-feira, 22.12.08

Sugestão Natalícia

Se estiverem indecisos sobre o que comprar para oferecer a alguém que tenha bom gosto, comprem a "Primeira Voz" que por sinal, é a primeira obra (de muitas, espero) publicada por Beatriz J. A., minha ex-professora, companheira de noites de copos no Tasco, minha mentora musical mas, acima de tudo amiga.

É relativamente barato, o que, em tempo de crise até dá jeito, e poderão adquiri-lo online no website da Livraria Apolo 70.

publicado por Mário às 12:27 | link | comentar | partilhar

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