Cresci num ambiente, onde mesmo numa cidade grande, podíamos pedir um raminho de salsa ou comprar filhoses à vizinha. Agora, vivo junto ao redlight district de Antwerpen. E o que é que se dá no redlight district? Nada, é tudo vendido, alugado, emprestado, como quiserem. Se quero ir ao banco ou ao supermercado, tenho de passar por dezenas de prostitutas enfiadas em montras a exporem os seus dotes, e acreditem que há para todos os gostos. Gordas, magras, brancas, negras, mulatas, asiáticas, altas, baixas, mulheres, travestis, transexuais, tudo, como na farmácia. Aliás, mais que na farmácia. O pior (ou melhor, depende do ponto de vista) é que elas (e eles) chama-nos, batem na vitrina, piscam o olho, fazem pequenos gestos de sedução, no sentido de conseguirem angariar fregueses transeuntes. De início, tudo isto me parecia estranho. Sentia-me enojado se um travesti me chamasse e parava a olhar se desse de caras com alguma beleza rara mas, agora (de há uns tempos para cá), deixaram de ser as prostitutas das vitrinas, e conseguiram o estatuto de vizinhança. Ser bombardeado todos os dias com o mercado do sexo, torna-nos indiferentes, e acreditem que não é tanga.
Infelizmente, não posso fazer uma reportagem in loco porque nunca entrei em nenhuma montra e nem sequer tem a ver apenas com fidelidade porque, quando cá cheguei em Outubro do ano passado não tinha ninguém. Simplesmente, nunca me deu para aí. Talvez por princípios que prezo, mas sem os tentar impingir. Conheço imensa gente que recorre a estes serviços e, não é por isso que os vejo como pessoas menos integras. São escolhas, necessidades, formas de gastar dinheiro.
Agora, para tentar perceber um pouco da maneira de pensar de quem me lê, gostaria de saber a vossa resposta em relação às seguintes questões:
- Prostituição legal e regulamentada, sim ou não?
- Recorrer a "sexo pago" é reprovável?
- Uma redlight street é sinónimo de mentes abertas ou de incentivo á vulgarização do sexo?