Working class hero is something to be...

Então pronto, vou-vos contar um pouco da minha vida profissional desde que vim para a Bélgica/Holanda.

Quando cá cheguei em meados de Outubro, estava um emprego "á minha espera" em Eindhoven na Holanda. Uma empresa de construção de fornos industriais para fabrico de painéis solares. Enquanto aguardei pela papelada, estive 2 semanas em Antuérpia (Bélgica) com a família. Iniciei o trabalho no dia 27 de Outubro. Durou um mês e pouco. A empresa deixou de ter encomendas e os mais novos na casa foram os sacrificados para assegurar o trabalho dos outros. Eu era precisamente o mais novo. Depois disso e, porque a vida continua e tinha de trabalhar para comer, estive nas obras mas também durou menos de uma semana. Durante esse curto espaço de tempo, tive uma crise depressiva porque ganhava uma miséria a trabalhar em condições pouco humanas (lama, cimento, temperaturas negativas, neve e desmotivação). Voltei para Antuérpia porque havia a possibilidade de ir trabalhar para a minha área de formação, na indústria naval. Burocracia, burocracia, burocracia. Na empresa pediram-me um registo de residência. Na cãmara municipal, para me facultarem o tal registo de residência pediram-me um contrato de trabalho. Tenho andado enrolado com isto até à semana passada. Entretanto, consegui emprego no sítio onde trabalha o meu pai, tio e primo. Estou lá desde segunda-feira. Na ETAR que trata dos cócós da zona de Bruxelas. Portanto, se vierem até cá alguma vez, caguem tudo o que tenham a cagar no aeroporto, porque de merda estou eu farto e não queria levar com a vossa.

 

Concluindo, não se enriquece só por vir para o estrangeiro, nem tão pouco a vida se torna automaticamente num mar de rosas. Há que ter espiríto de sacrifício e de desenrascanço. Com isto também não me auto-proclamo herói dos emigras, porque admito que só continuo por estas bandas devido ao apoio que a família me deu. Quero apenas esclarecer algumas pessoas que conheço com ideias pré-concebidas sobre enriquecimento fácil e, sobretudo os meus amigos em Portugal a quem não contei nada disto.

publicado por Mário às 18:34 | link | comentar | partilhar