Luís: Tenho que comprar o bilhete e ir para aí.
Faz amanha 15 dias que tenho a chave do meu apartamento. É um estúdio que, é algo bastante usual aqui por estas bandas. Uma única divisão que engloba sala, cozinha e quarto, mais uma casa-de-banho. No caso do meu, tenho 2 quartos separados da restante casa, por paredes de contra-placado, devidamente pintadinhas de... Verde. Pois é, o estúdio é todo verde, tal como a Joana gosta, mas, foi um (feliz) acaso. Foi arrendado já mobilado e fiquei no mesmo prédio dos meus tios, no centro de Antwerpen. O facto mais insólito, é que, a janela do meu quarto dá exactamente para as ruas das putas. E tenho um placard cor-de-rosa entre as duas janelas em que se pode ler "Girls" e "Peep Show". Vizinhança...
"Peep Show" - Janela do quarto pequeno.
"Girls" - Janela do meu quarto.
Entrada da casa, com a tartaruga Obikwelu ali à esquerda...
A sala/casa-de-jantar/cozinha.
Mais do mesmo.
A parte da sala.
O balcãozito da cozinha.
A cagadeira.
O meu (nosso) quarto. Perdoem-me a cama por fazer mas, também não é para vocês lá meterem os presuntos...
O quarto pequeno, dos arrumos, de vestir, whatever.
Et voilá. Está apresentada a casinha verde. Pequenina mas cheira bem (obrigado amor lol).
Pessoal, só para avisar que estou vivo e que a razão pela qual não digo nada via blog, chamada telefónica ou sms, é porque nas últimas 2 semanas, estive(mos) a limpar o meu apartamento, a comprar coisinhas novas, a decorá-lo dentro do possível, e claro, a organizar tudo. Sim, estou a morar sozinho. Fotos para breve.
Nota: Fez no dia 10 deste mês, 6 meses que cheguei à Bélgica.
Cresci num ambiente, onde mesmo numa cidade grande, podíamos pedir um raminho de salsa ou comprar filhoses à vizinha. Agora, vivo junto ao redlight district de Antwerpen. E o que é que se dá no redlight district? Nada, é tudo vendido, alugado, emprestado, como quiserem. Se quero ir ao banco ou ao supermercado, tenho de passar por dezenas de prostitutas enfiadas em montras a exporem os seus dotes, e acreditem que há para todos os gostos. Gordas, magras, brancas, negras, mulatas, asiáticas, altas, baixas, mulheres, travestis, transexuais, tudo, como na farmácia. Aliás, mais que na farmácia. O pior (ou melhor, depende do ponto de vista) é que elas (e eles) chama-nos, batem na vitrina, piscam o olho, fazem pequenos gestos de sedução, no sentido de conseguirem angariar fregueses transeuntes. De início, tudo isto me parecia estranho. Sentia-me enojado se um travesti me chamasse e parava a olhar se desse de caras com alguma beleza rara mas, agora (de há uns tempos para cá), deixaram de ser as prostitutas das vitrinas, e conseguiram o estatuto de vizinhança. Ser bombardeado todos os dias com o mercado do sexo, torna-nos indiferentes, e acreditem que não é tanga.
Infelizmente, não posso fazer uma reportagem in loco porque nunca entrei em nenhuma montra e nem sequer tem a ver apenas com fidelidade porque, quando cá cheguei em Outubro do ano passado não tinha ninguém. Simplesmente, nunca me deu para aí. Talvez por princípios que prezo, mas sem os tentar impingir. Conheço imensa gente que recorre a estes serviços e, não é por isso que os vejo como pessoas menos integras. São escolhas, necessidades, formas de gastar dinheiro.
Agora, para tentar perceber um pouco da maneira de pensar de quem me lê, gostaria de saber a vossa resposta em relação às seguintes questões:
- Prostituição legal e regulamentada, sim ou não?
- Recorrer a "sexo pago" é reprovável?
- Uma redlight street é sinónimo de mentes abertas ou de incentivo á vulgarização do sexo?
Se eu me passeasse numa bicicleta pasteleira de senhora, branca e ferrugenta em Setúbal, era:
1. Gozado à força toda.
2. Apedrejado até à morte.
3. Atirado ao Sado com uma fateixa atada ao pé.
Aqui, sou só mais um homem montado num cangalho.