Sempre quis ser uma estrela musical.
Lembro-me de, com tenra idade, dar concertos na minha guitarra/piano (tão em moda nos fins de 80) para uma audiência de figurinhas da Playmobil. Ainda hoje, existe na casa da minha avó, uma K7 (sim crianças, o mundo nem sempre foi digital) onde canto na praia, um sucesso dos extintos (assim espero) Da Vinci.
"Já fui ao Brasil, Praia e Macau (...)" interpretava eu de goela aberta, com a mesma intensidade com que cantava: "Passarinhos a bailar com o rabinho a dar a dar, mal acabam de nascer, piu piu piu piu...".
Anos mais tarde, antes de surgir a tv por cabo, ligava a aparelhagem à televisão, para poder gravar (também em K7's), as músicas do Top+ (só era chato ter de ouvir a Rita Seguro entre as faixas). Durante a semana, estas fitas eram desgastadas até decorar as letras dos grandes sucessos. Nunca o consegui fazer com o Scatman.
No secundário, fazia emissões na rádio da escola, mas fui expulso quando parodiei o hino nacional. Fascistas...
Mais tarde, produzi e interpretei os spots publicitários para a minha lista na associação de estudantes, brinquei aos Dj's num desfile de Miss/Mister Escola, e quando descobri o Ejay (software criador/editor áudio), criei o meu single mais popular (o único também) - Jumping Sprouts. Era estilo Techno barato, a descair para carrinhos-de-choque, mas a intenção (que foi realizada) era ver miúdas a dançar enquanto negligenciavam a minha voz grave e repetitiva a cantar: "É Jumping Sprouts É É", que em português é o mesmo que dizer: "É Grelo aos Saltos É É".
Entretanto, comprei uma guitarra acústica e, descobri que não tinha jeito. Mas o André (co-autor do blog) tinha-o para escrever letras profundas. Tentei vocalizar essas letras, mas segundo os membros da "banda", a minha voz era "demasiado doce". Na verdade, quando tento ser afinado, torno-me andrógeno.
Há uns meses, descobri o Popomundo, um jogo online, baseado no web-browser, que nos permite simular uma carreira musical, desde os ensaios às digressões. O ideal para um músico frustrado. Mas, o que realmente mudou a minha vida de "rockstar wannabe" foi o Frets on Fire. São cerca de 30mb, é gratuito, e só precisam de um teclado (dá jeito ser sem fios). A ideia é pegarmos no mesmo como se fosse uma guitarra eléctrica, utilizar os botões "F1, F2, F3..." como acordes, e pressioná-los quando assim o for indicado. Brutal. Imaginem um tipo anafado, de barbas e cabelo grande, aos saltos com um teclado na mão, ser surpreendido pela mãe que só queria consultar o site do BES. Esse tipo sou eu, e isso aconteceu.
Contudo, e com este joguinho realizei um dos meus sonhos, tocar um instrumento. Toco a Hey Joe do Hendrix melhor que ele, e diga-se de passagem, com o dobro do carisma. Como público tenho o meu irmão mais novo e a cadela, e isso basta-me. Faltar faltar, só mesmo as groupies...