Gregos e Troianos

Gosto de cozinhar. Aliás, descobri recentemente que, seguir uma receita consegue abstrair-me de tudo o resto. Já inventar, faz-me pensar numa data de cheiros e sabores e trabalhá-los no campo abstracto, numa espécie de tubo de ensaio mental para depois passar à realidade. Claro que não tenho uma grande experiência e por vezes, esse tubo de ensaio mental não funciona de forma apurada mas, estou a fazer upgrades e cada vez mais, as coisas saem-me melhores.
Sou bom garfo, mas não sou garfo para todos os pratos. Odeio comida deslavada, sem sabor. Claro que aprecio uma boa carne grelhada, ou peixe assado no carvão, mas aí, não se precisa adicionar condimentos para que a comida fique saborosa. No caso da sardinha (p. ex.) a sua própria gordura é suficiente para lhe dar um sabor agradável. Mas algo que detesto é massa cozida só em água e sal, ou arroz ou mesmo batatas. Carne frita só em azeite também não me seduz, muito menos em óleo (banhas ou manteigas).
Gosto sempre de adicionar um paladar diferente, principalmente se a carne for de frango, perú ou porco, cujo sabor natural é precisamente, deslavado. Para isso uso ervas aromáticas, mostarda de dijón, limão, pimenta, alho, cebola, o que me apetecer, e o que achar que combinar. Algumas vezes as tradicionais natas, outras vezes molho inglês. No fim, fica bom, para o meu gosto claro. Já a Joana gosta das coisas mais simples. Menos aromas, menos texturas, menos sabores. Ainda pensei que fosse uma coisa do norte, que as pessoas condimentassem menos a comida mas depois lembrei-me das francesinhas, das tripas e das feijoadas e não faz sentido. Deve ser só e apenas o gosto pessoal. Eu é que tenho a mania de levar tudo para o campo regional.
publicado por Mário às 11:24 | link | partilhar